domingo, 26 de outubro de 2008

Outrono

it's a long long long long long way
Caetano

Estou no vagão. Não sei quantas estações ainda virão até que chegue a hora de partir. Fecho os olhos e não sinto mais o medo de errar o destino. Tenho o cartão ilimitado do metrô e tempo suficiente para me perder mais uma ou duas vezes. E afinal de contas, resmungo, who cares?
O trem parte. A velocidade, os olhos fechados, a música nos ouvidos: e eu vago. Simples, assim, como um vôo cego.

Acordo subitamente do curto transe com a porta abrupta que abre e fecha. Esqueço completamente pra onde estou indo. Encontro algumas anotações, um número, um nome, mas não faço idéia nem de onde, quando nem como.
Sei que nunca estive.

Abandono a história de endereços destinos hora marcada e volto a me transformar no vagão. Sinto agora perfeitamente o meu corpo percorrer os trilhos e entendo intensa e claramente o meu trânsito.

Não tenho medo de errar o destino, porque não estou indo pra lugar algum. Apenas caminho para reencontrar o que deixei na última estação e voltar a sentir, nem que por alguns instantes, como aquela transa, alguma sensação de inteireza. E tudo fará sentido depois do trânsito: um laço unindo uma ponta à outra - compreendo comigo mesma tão rápido quanto à velocidade deste trem e tão certo quanto esses refrões repetidos que escuto.

Faz sentido.

Abro os olhos.
Lembro de tudo e do lugar exato onde quero chegar. Lembro que não era inteira assim há décadas. Olho o relógio para voltar aos números, datas e combinações. O relógio, agora tenho um relógio, não tenho um relógio há décadas, penso olhando demoradamente o ponteiro dos segundos. A porta abre e eu ligeira na rua cinqüenta e sete acerto a estação e desembarco.

Lembro que vai chover enquanto subo as escadas. Já estou pronta para outro outono. Minha última chuva eu já sequei.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Eu

sou aquela que quer-impiedosamente-aprender-com-os-erros-do-passado-mas-daqui-a-pouco-vai-foder-com-tudo-de-novo, e vc?... Muito prazer!

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

é tudo.

É tempo de ouvir. Ouço o silêncio que está sempre presente em tudo. E ele me conforta, do mesmo modo que também intriga. Pus o silêncio dentro e ele quis ir pra fora. Saiu?
Entrar ou sair vão de encontro ao nada. E o nada pode significar o que sou e o que me fiz. Não fiz.
Menos que ser nada é não fazer esforço algum e NADA SER. Acontece,
No todo ou tudo, ainda consigo o silêncio. Ouço muito ele, mas o que quero e preciso é não ouvir nada. Aliás, preciso sim: TEMPO PARA ABSTRAIR O SILÊNCIO. Será tudo ou nada

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Outubros

Amo somente um vazio
E me acalmo danando.
Ângela Rô Rô


Aquele dia eu era outra. Aquele dia eu estava outra, completamente outra. Tudo eram os outros. Mas nunca me senti tão aquele quanto hoje. A lucidez esmagadora se espalha sobre tudo, o eu e os outros. Hoje quando ia saindo encontrei com ele. Pensei, que droga que eu estou assim, tão saindo despropositadamente fazer nada numa noite, boba, qualquer. Mas de repente ele está aí e eu não quero que ele me veja assim, tão eu. Quero que ele me veja depois, mas não agora. Fuck me now, Love me later, como se diz por aí, eu até poderia falar, ainda que não seja o que eu quero que seja dito. Também daquela vez era assim. Mas não era assim nem aqui.


E isso e aquilo foi e eram coisas tão bobas frente ao resto. Eu nada seria sem o resto. Carros noites sons e estrelas, todas se esgoelando, cantando e explodindo de uma energia raio regada a Almodóvar, cigarro, por vezes um café (que nem tomar não tomo) e pesada sensação de cumplicidade e admiração que se sabe morta um dia. Entre o copo, a fumaça e o cansaço, uma boemia sóbria me leva ao encontro do vazio e do conforto, de um afago pelos olhos, num sorriso. E o vazio agora me desafia, como há tempos não fazia. Temos uma relação muito tranqüila, amigável, talvez até afetiva, eu diria, ele e eu. Mas por vezes nos desentendemos e ele inventa de se fazer presente.


Mas o que me torna assim é ver que quando ele começa com certas manias eu viro o mesmo eu. E mesmo se alguns anos tenham se passado e tudo seja absolutamente outro, é como se por qualquer motivo fugaz eu tivesse voltado/chegado ao mesmo lugar, mas que é outro lugar, mas aí é que está!


Sei que isso agora e aquele dia pressagiam algo. Um algo.


Naquele outubro eu parei de escrever. Neste eu recomeço.

domingo, 19 de outubro de 2008

Bem-vinda, bem-vindo

às três lui(z)(s)(a)(@)s! jesus, são tantas possibilidades que é difícil saber por qual começar.
que a balbúrdia comece!